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  • Bruno Tomio

Trânsito foi tema de discussão no 1º Cine Debate Conhecer Pedalando



Um dos principais objetivos do Projeto Conhecer Pedalando é conhecer e criar meios que discutem e anseiam uma outra realidade. Busca-se discutir, debater e problematizar questões e temas sociais por meio de uma visão ampla e sistêmica, com a intenção de encontrar possibilidades de transformações em prol de um mundo melhor, mais justo, fraterno, igualitário, democrático, humano e ecológico. Partindo desta premissa, o Projeto Conhecer Pedalando com o apoio do Espaço Plural, realizou o 1º Cine Debate, do qual exibiu o documentário Luto em Luta.


O documentário Luto em Luta, apresentado pelo Movimento Viva Vitão e com a direção de Pedro Soffer Serrano, problematiza a cruel realidade do trânsito brasileiro, onde sua violência mata mais do que muitas guerras. O filme busca evidenciar a situação de barbárie que vivemos em nosso trânsito e, dessa maneira, conscientizar as pessoas. O mesmo declara, “Não espere perder um amigo para mudar a sua atitude no transito”.


O filme é dividido em três partes, em Barbárie, Luto e Luta. Em Barbárie o filme problematiza a realidade do transito brasileiro, citando muitas vezes como exemplo a cidade de São Paulo, apresenta dados estatísticos, imagens e entrevistas que evidenciam a brutalidade e as atrocidades do trânsito brasileiro, do qual perpassa a questões culturais, educacionais e civilizacionais. Em luto, é enfatizado por meio de depoimentos a dor e o sofrimento da perda de entes queridos ocasionadas devido à imprudência no trânsito. E em Luta é apresentado algumas iniciativas de movimentos, ONGs e associações na busca de um trânsito mais consciente e menos violento.


O Documentário é interessante, podendo contribuir em várias ocasiões. Sua proposta é enfatizar as ameaças que o trânsito oferece para a vida das pessoas, porém abordando a problemática em vários momentos a partir de uma visão um tanto que moralista e legalista, principalmente nas duas ultimas partes do filme. A obra chega a denunciar a influência simbólica do carro na nossa sociedade na primeira parte, porém não realiza uma análise crítica a partir de um olhar sistêmico desta influência, do modelo de trânsito e das cidades, dos quais ambos servem e são influenciados pela lógica do modelo de produção capitalista.


Após a exibição do filme realizamos uma discussão e troca de ideias, onde problematizamos a questão do trânsito para além do abordado pelo documentário. Conseguimos discutir a temática a partir de uma visão mais ampla, onde todos os participantes contribuíram com suas opiniões e concepções a respeito da problemática, compartilhando também suas experiências e vivências no trânsito e com a cidade.


Discutimos sobre a realidade do trânsito de nossa cidade e país, onde pedestres e ciclistas constantemente são ameaçados devido ao modelo de trânsito e de cidade, que prioriza na maioria das vezes os veículos motorizados, aliado à insensibilidade de muitos motoristas até com a vida do próximo. A falta de educação no trânsito e de trânsito do qual perpassa também uma questão cultural se compararmos com a realidade de outros locais e países foi mencionada como uma das causas da presente realidade do trânsito brasileiro. Mas analisando de forma mais profunda a problemática, foi mencionado que a realidade e o modelo de trânsito é o que é devido também ao modelo de produção de nossa sociedade, que a partir de seus interesses, valores e poder, influenciam e determina o modelo de cidade, trânsito, educação, política, economia e da sociedade ao todo, que neste caso é uma sociedade capitalista.


Destacamos a necessidade de mudarmos e transformamos a realidade do trânsito e de muitas cidades brasileiras, de conquistamos espaços e lugares para os pedestres e ciclistas, de conquistarmos um transporte público de qualidade, de conquistarmos as cidades, fazer delas cidades para as pessoas e não para negócios, a necessidade de políticos que pensem uma outra cidade, um outro trânsito e uma outra política. Representantes que vivem a cidade, que utilizem o transporte público, que andem de bicicleta e caminham pela cidade. A necessidade de nos mobilizarmos e ocuparmos espaços públicos, de conquistar e garantir direitos. E a necessidade de se discutir questões e temas sociais como estes, de diagnosticar e problematizar a realidade, para encontrarmos possibilidades de transformações.


Citamos várias experiências de mobilizações e ações de resistência ao presente modelo de cidade e trânsito, das quais podem contribuir para uma mudança do mesmo. E divulgamos futuras ações que aconteceram na cidade, como a Bicicletada Nacional contra a impunidade nos crimes de trânsito, a 1ª Pedalada Pelada de Blumenau e reuniões da comissão parlamentar de mobilidade urbana que devido à falta de interesse de vários representantes pouco fez para melhoria da mobilidade de Blumenau.


Creio que o Cine Debate foi muito rico e válido mesmo diante de suas limitações. Pretendemos realizar mais cines debates, com a proposta de uma construção e desenvolvimento coletivo e participativo, onde os participantes e interessados opinem a respeitos das próximas temáticas, filmes, datas e locais.


Agradecemos a presença de todos e parabenizamos a todos os presentes que possibilitaram a discussão e reflexão a cerca da temática proposta. Agradeço também o imenso apoio do Espaço Plural, ao jornalista Léo Laps que divulgou o Cine Debate em sua coluna do Jornal Santa Catarina e a rádio Furb FM que contribui para divulgação do evento. Obrigado e até a próxima!

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