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  • Bruno Tomio

Agricultura foi o tema de discussão do Cine Debate do mês de março


Um dos principais objetivos do Projeto Conhecer Pedalando é conhecer e criar meios que discutem e anseiam uma outra realidade. Busca-se discutir, debater e problematizar questões e temas sociais por meio de uma visão ampla e sistêmica, com a intenção de encontrar possibilidades de transformações em prol de um mundo melhor, mais justo, fraterno, igualitário, democrático, humano e ecológico. Partindo desta premissa, o Projeto Conhecer Pedalando com o apoio do Espaço Plural, realizou o Cine Debate do mês de março, do qual exibiu o documentário O Veneno está na mesa I.


O documentário do renomado cineasta Silvio Tendler e com a intervenção do ilustre escritor Eduardo Galeano, um dos idealizadores, denuncia os malefícios e interesses do perverso modelo agrário brasileiro, baseado no agronegócio. Onde os interesses político-econômicos, de mercado e do capital, para gerar lucros às multinacionais e à classe dominante detentora do poder, se sobressaem aos direitos humanos e ao respeito com a terra e com o planeta.



A realidade agrária no Brasil é cruel e extremamente perigosa. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e muitos dos fertilizantes usados são proibidos em diversos países, devido ao impacto destes a saúde humana e planetária. Coloca-se em risco a vida dos agricultores que manipulam os venenos e a de todos consumidores dos produtos agrícolas, ou seja, da maioria da população brasileira que se alimenta de alimentos providos deste modelo que é imposto pelos interesses político-econômicos.


O capital monopolista dita e influencia as várias esferas da sociedade, entre elas a política (governo) por meio de várias estratégias e poderes, uma delas o financiamento privado de campanhas políticas. A maioria dos políticos servem à interesses de quem lhes pagam mais, tornando a política um balcão de negócio e não uma defesa ao bem comum e aos direitos e melhorias para a população. Sendo assim as multinacionais que se beneficiam com o modelo agrário brasileiro (agronegócio), possuem seus representantes e defensores de seus interesses neste e em qualquer governo que estiver dentro deste sistema político.


Um exemplo do exposto acima é que no Brasil para se conseguir financiamento e liberação de créditos oferecidos pelo governo e bancos, os agricultores precisam seguir normas de contrato do qual obriga-los a usarem sementes transgênicas que necessitam de agrotóxicos para a sua germinação, sendo que as sementes e agrotóxicos são fornecidos pelas multinacionais.


As consequências do agronegócio são nefastas e muitas irreversíveis, geram crises sociais das quais consolidam e aumentam diversas desigualdades e crimes contra direitos humanos, e também vários malefícios para saúde humana e planetária, provocando danos como cânceres, hepatopatias, desregulação hormonal e outros vários danos, e para o planeta, danos á biodiversidade, fertilidade do solo e aos mananciais de água.



O filme cumpre com a função de denunciar as várias consequências deste modelo agrícola, do agronegócio, dos transgênicos e dos agrotóxicos. Realiza uma apresentação da qual contextualiza a problemática por meio de contribuições de diversas áreas do conhecimento, perpassando questões de saúde, ecologia, política e economia. Supera e vai além de uma visão limitada e fragmentada de determinada área.



Creio que o Cine Debate foi muito rico e válido mesmo diante de suas limitações. Após a exibição do filme realizamos uma discussão e troca de ideias, onde problematizamos a temática abordada pelo documentário. Conseguimos discutir a temática a partir de uma visão ampla, onde todos os participantes contribuíram com suas opiniões e concepções a respeito da problemática, mesmo havendo divergências de ideias, que neste caso enriqueceram a discussão.


Discutimos e reconhecemos as várias barreiras que devem ser superadas para reverter a atual realidade, das quais vão muito além de iniciativas individuais e de pequenas ações para conscientização das pessoas, mesmo estas sendo válida e contribuindo de alguma forma. Comentamos sobre iniciativas e contribuições de hortas urbanas comunitárias, feira de alimentos orgânicos, permacultura e agroecologia. A causa dos problemas, consequências e injustiças citados aqui neste relato é dada por algo muito maior e sistêmico, das quais necessitam de transformações (diferente de reformas) estruturais para sua superação, e para assim possibilitar um outro modelo de política, de democracia, de economia, de agricultura, resumidamente de sociedade.


A questão e temática abordada pelo documentário são causadas e sofrem influência do mesmo agente dos problemas educacionais, de saúde, de mobilidade urbana e trânsito (já discutidos em alguns momentos pelo projeto), das cidades, da política, economia, e entre muitos outros. São causadas pelo modelo de produção de nossa sociedade, que a partir de sua lógica e interesses, influencia e determina os modelos e problemas aqui mencionados e da sociedade ao todo que neste caso é uma sociedade capitalista.


Então, Que fazer? Como dizia uma camarada.

Para uma efetiva conquista de um mundo melhor, mais JUSTO, fraterno, IGUALITÁRIO, DEMOCRÁTICO, humano e ecológico, está posta a necessidade de superação do presente modelo de produção e político que sobrevive por meio das crises geradas pelo mesmo, entre elas as sociais, econômicas, ambientais e políticas.


Como? A partir de uma transformação do sistema, uma revolução civilizacional, do qual transformará e mudará o modelo de transporte, de consumo, agrícola, de democracia... Enfim de produção de nossa sociedade. Há muitas possibilidades e caminhos, mas nenhum irá alcançar transformações necessárias sem o enfrentamento à ideologia dominante que está a serviço do atual sistema. Como dizia também o camarada, “sem teoria revolucionária, não há revolução”.


Pretendemos realizar mais cines debates, com a proposta de uma construção e desenvolvimento coletivo e participativo, onde os participantes e interessados opinem a respeitos das próximas temáticas, filmes, datas e locais. Para mais informações sobre os Cines Debates e sobre o projeto Conhecer Pedalando acesse a Fan Page no facebook, www.facebook.com/conhecerpedalando ou no site http://conhecerpedalando.wix.com/projeto.



Agradecemos a presença de todos e parabenizamos a todos os presentes que possibilitaram a discussão e reflexão a cerca da temática proposta. Agradeço também o imenso apoio do Espaço Plural e ao jornalista Léo Laps que divulgou o Cine Debate em sua coluna do Jornal Santa Catarina. Obrigado e até a próxima!

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